Os representantes do SAG-AFTRA ratificaram um acordo temporário que pôs fim à greve mais prolongada de atores contra os estúdios de cinema e televisão na história de Hollywood.
Conforme relatado pela revista Variety, a categoria iniciou o processo de votação para ratificar seu novo acordo com os estúdios, divulgando um resumo abrangente do potencial contrato de três anos. No que diz respeito ao emprego de tecnologias de Inteligência Artificial, que representa uma das principais questões entre os atores e os estúdios, o acordo estabelece diretrizes para a concepção, utilização e alteração de “réplicas digitais” de artistas.
Essas reproduções consistem em imitações da voz ou imagem de um artista, sendo utilizadas para representá-lo em cenas ou trilhas sonoras nas quais o artista não participou fisicamente, mas sim por meio de Inteligência Artificial. O recente documento define duas categorias de reproduções: aquelas produzidas por grandes estúdios e as criadas por produtoras independentes. No caso das reproduções feitas por produtoras independentes, os atores têm a oportunidade de negociar individualmente sua compensação.
Por outro lado, os atores que forem contratados diretamente pelos estúdios serão compensados pela concepção e utilização de suas reproduções por inteligência artificial em projetos suplementares, em outras formas de mídia e em produtos derivados. No que diz respeito à replicação de atores coadjuvantes, o acordo assegura a proteção desses profissionais contra a substituição por réplicas digitais, estipulando que tais reproduções não devem ser empregadas para substituir figurantes nem para contornar a contratação destes.
No entanto, é ressaltado que o consentimento explícito e inequívoco do ator, seja ele principal ou coadjuvante, é indispensável para o procedimento de replicação, tanto no contexto da produção original quanto em qualquer utilização subsequente. Isso abrange também a obtenção de consentimento para eventuais modificações digitais em performances já registradas, a menos que tais alterações mantenham substancial fidelidade ao conteúdo originalmente concebido, interpretado e/ou gravado.
O contrato especifica que, caso haja alterações nos movimentos labiais ou faciais de figurantes para criar a ilusão de diálogo, e se diálogos forem adicionados, esses figurantes serão categorizados como parte do elenco de apoio.
No contrato provisório, estão incluídos benefícios como um aumento de 7% na maioria dos salários mínimos da categoria, um novo bônus de participação de US$40 milhões para artistas envolvidos em produções de streaming que atingem determinado nível de sucesso, mais de US$1 bilhão em novos salários e financiamento de planos de benefícios. Além disso, o contrato oferece proteções contra o uso de inteligência artificial, exige a presença de coordenadores de intimidade em todas as cenas de nudez e sexo simulado, e garante serviços adequados de cabelo e maquiagem para todos os artistas com tons de pele e cabelos diversos, entre outras disposições.
O acordo foi aprovado por unanimidade pelo Comitê do SAG-AFTRA na última quarta-feira (8), como anunciado pelo sindicato. Assim, a paralisação da categoria foi encerrada às 00h01 de 9 de novembro, horário de Los Angeles (5h01 no horário de Brasília).
A interrupção não apenas prejudicava as filmagens de vários projetos com membros do SAG, mas também impediu a participação desses atores em eventos de imprensa para filmes já concluídos.
O SAG-AFTRA enfrentou pressão adicional dos roteiristas, que iniciaram uma greve em maio. No entanto, em outubro, chegaram a um acordo para a revisão dos contratos. Com o fim da paralisação dos roteiristas, algumas produções já retomaram suas atividades. Este desenvolvimento marca um passo significativo para a normalização da indústria cinematográfica após um período desafiador de paralisações.
