Crítica | ‘A Guerra do Amanhã’ mistura ação e ficção e tem trama clichê

Marcos Vinicius
Marcos Vinicius
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Ver Chris Pratt como um herói de ação está longe de ser uma novidade a essa altura do campeonato. O filme ‘A Guerra do Amanhã’ é ambientada na atualidade, a história se desenvolve a partir da chegada de uma tropa, vinda do ano de 2051, que vem pedir ajuda para enfrentar uma ameaça alienígena. Criaturas apelidadas de garras-brancas surgiram inesperadamente e logo dizimaram boa parte da humanidade.

A saída encontrada para tentar vencer os extraterrestres foi recrutar pessoas do passado para viajar ao futuro e se juntar ao combate. Mesmo com soldados de todo o mundo embarcando, os humanos seguem perdendo e sendo dizimados, restando a opção de convocar civis para a guerra.

Dan Forester (Chris Pratt), ex-militar e professor de ciências, é recrutado e obrigado a deixar a esposa, Emmy (Betty Gilpin) e a filha, Muri (Ryan Kiera Armstrong). Apesar de os alistados serem devolvidos ao presente após o período de uma semana, uma pequena parcela sobrevive, e muitos retornam mutilados ou com traumas.

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Filmes apocalípticos não são exatamente uma novidade. Dezenas deles são lançados por ano, então costuma ser difícil encontrar um diferencial neles. No entanto, esse aqui traz uma abordagem interessante que é brevemente explorada, mas o suficiente para prender a atenção. Como a trama deixa claro que o mundo inteiro sabe que vai morrer em trinta anos, o diretor Chris McKay se aproveita de seu protagonista ser um professor para mostrar o efeito que esse “spoiler da vida real” teve na sociedade, mais especificamente nos jovens. Dan tenta ministrar suas aulas no ensino médio, só que os alunos ficam se questionando o motivo de precisarem aprender biologia se todos eles sabem que aquele conhecimento não será útil num apocalipse. Esse clima de falta de esperança e sentido na vida acaba se espalhando por outros personagens, como soldados e a imprensa. Essa vibe niilista é interessante e gera alguns personagens úteis para a história, que não é inovadora e nem tenta se levar a sério. Isso é bom e ruim ao mesmo tempo, porque impulsiona os momentos de ação – muito bem construídos, por sinal -, mas acaba não explorando tanto essa construção de sociedade niilista, que era o grande diferencial desse filme.

É fato que o foco de McKay não é de estreitar a relação entre a ação e a comédia, mas sobretudo inserir este combo num drama familiar. Afinal, a família Forester encara a guerra contra os aliens na sombra de conflitos entre pais e filhos. Enquanto Dan sente muito ressentimento pelo abandono de seu pai, o engenheiro parrudo James Forester (J.K. Simmons), ele se depara com os deslizes da sua paternidade no futuro. Mas, mais uma vez, os clichês tomam conta. As cenas mais emocionantes, embora tenham performances boas, com destaque para Yvonne Strahovski, são desinteressantes. A maioria ventila de forma barata e falsa um discurso motivacional para ora saciar a frustração do seu protagonista, ora frisar a grande moral da história.

A trilha sonora de Lorne Balfe tenta entregar o fator épico que o filme busca, principalmente durante as clássicas descobertas de paradoxo criadas pela viagem no tempo. Entretanto, a constante quebra de clima para algo cômico, principalmente com o personagem Charlie (Sam Richardson), parece fazer com que o trabalho não cause grande efeito.

Há uma tentativa, ao longo de toda a trama, de manter um humor leve que combine com Pratt. Entretanto, inúmeras vezes esse clima não funciona com o contexto da história, que requer uma postura diferente do personagem principal. Nessa tentativa, todos os outros personagens são arrastados para o clima “amenidades” em meio a um apocalipse que se desenvolve tanto no presente, quanto no passado.

Tirando toda a parte blockbuster do longa, existem algumas narrativas interessantes que são exploradas, como a importância da família e o stress pós-traumático dos combatentes em guerras. Também é abordado, brevemente, os protestos em relação a uma guerra no futuro que não seria problema das pessoas do presente.

A Guerra do Amanhã fica mais divertida quando parte para a ação. As criaturas metem medo e as revelações das suas habilidades são de fato surpreendentes. Infelizmente, os momentos de explosão e pancadaria são sacrificados para lidar com o fator humano, e se tem uma coisa que aprendemos com a ficção científica é que a humanidade tende a ser o maior vilão da história. Nesse caso, foi o sentimentalismo de seus personagens que levou à aventura para esse esvaziamento, e nem o carisma de Chris Pratt pode salvá-la desse fim.

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